Depois de mais de uma ano e meio de pandemia, levando a serio o isolamento, ficando muito em casa e pouco saindo, as coisas começaram a se flexibilizar depois da segunda dose da vacina. Aos poucos começamos a ter coragem de fazer planos de viagens e encontrar amigos.

A pandemia trouxe essa reflexão também, tempo passando e nós afastados de quem gostamos. Aqui em casa fomos bem conservadores, não sei se fomos exagerados ou não, mas até aqui funcionou e ninguém em casa se infectou com COVID. Chegamos a Ir a Campos do Jordão para ver meu Pai e minha irmã que foram até lá para um passeio, depois fomos até Gramado com um casal de amigos e aos poucos os planos foram voltando. assim como a vontade de estar com amigos e família. Ainda com a sensação de que o tempo esta passando muito rápido…assim como falei no post anterior do L’etape que o acidente do Fredy me deixou impactado.

Tenho refletido muito na vida, nosso papel, relatividade do tempo, fazer o que ama, aprender, viver a vida e não deixar momentos importantes passar. Talvez seja o momento da vida, 45 anos, filho crescendo, não sei…mas a sensação de que a vida é uma dadiva e que temos que fazer valer cada dia tem se tornado cada vez mais presente. Talvez por isso esteja escrevendo, pra não esquecer disso.

Foi então que vi o post de uma grande amiga fazendo um convite para um final de semana com tracking em São Bento do Sapucaí. Adriana, é esposa do Marcio e Irmã do Alexandre, eles eram o núcleo duro da equipe Goiabada Power nos meus tempos de corridas de aventura (Post Ecomotion Pro). Minha equipe era a Uirapuru e éramos times “irmãos”. Com eles a diversão era sempre garantida. Uma família muito querida, que de tempos em tempos nos encontrávamos e sempre nos prometíamos não deixar passar tanto tempo sem nos ver.

Perguntei pra Isa se ela topava ir e ela topou na hora. Falei com o Paulo, outro amigo (Caminho de Santiago) para ver se podia ir também, mas ele não podia confirmar. Ficamos empolgados em saber que era o piloto do projeto da Adriana de receber grupos para finais de semana planejados com muito cuidado para uma experiencia que equilibra, natureza, conforto, esporte e lindas paisagens. Seriamos os cobaias dessa experiência.

Tudo combinado, pegamos estrada sexta-feira a noite, havia me esquecido de como era pesado o transito para sair de SP, Tradicional congestionamento e ganhamos a estrada. chegamos perto das 11:30 da noite na pousada. Lá, o grupo já nos esperava. Adriana e Marcio, Ale e Marcelle, Erico e Gisele (amigos dos tempos de corrida também) e Antonio e Lenita, que ajudavam a Dri na organização. Nos cumprimentamos, fizemos as eternas piadinhas de quinta serie, comi duas fatias de pizza e fomos descansar.

No dia seguinte, acordamos com um lindo sol e nenhuma nuvem no céu. Ai sim deu pra ver o charme e a beleza da pousada chamada Refugio da Mantiqueira. Um lugar escondido no meio da Serra do Paiol Grande (acampamento infantil que o João adora), com barulho de cachoeira, pássaros, um lindo cachorro São Bernardo que passeava lentamente pela pousada. Lareiras por todos os lados e uma café da manha com fogão a lenha muito gostoso.

Bem alimentados, conversa rolando solta, noticias sobre trabalho, filhos, esportes e futuro. Era hora de pegar a trilha. Dirigimos até a “Lojinha da honestidade”, uma loja onde os produtos estão a venda mas não tem vendedores. você escolhe, escreve o que pegou e como deixou pago. Incrível ver esse modelo, como seria maravilhoso se pudesse ser um modelo de exemplo para outros tantos lugares.

Dali em diante começamos a caminhada, no inicio em estrada pavimentada passando pelas últimas casas do bairro, vendo o Paiol de cima e começando a ver o belo relevo da Mantiqueira. Aos poucos, as casas vão sumindo e o chão passa a ser de terra, com muita subida e uma linda paisagem. Havia muito tempo que não curtia uma caminhada assim, papo rolando solto, sem pressa, curtindo o visual. A natureza bruta em sua melhor forma recarrega a energia de longos períodos em reuniões de hora em hora no teams o dia todo. A pandemia trouxe o trabalho remoto que funciona bem e em muitos casos aumentou de sobremaneira a produtividade. Mas longas horas na frente do computador tem seu preço. Estar ali vendo aquele horizonte era como fazer um carinho nos olhos e nos pensamentos.

Ao final de uma longa subida havia um capelinha em um lugar muito bem escolhido que foi um ponto de parada para hidratar. A partir dali, entramos num single track de mata fechada descendo até um plantação de atemoia onde fomos recebidos com um delicioso piquenique, com vários tipos de sanduíches e recheada de guloseimas de produtores locais. Alias esse foi um detalhe muito bacana, todos os produtos oferecidos foram cuidadosamente escolhidos de produtores locais.

Seguimos depois desse descanso pela trilha fechada até saírmos na base da ultima e mais dura subida. O visual la em cima compensava toda a subida com uma vista de 270 graus com a lateral da Pedra do Baú, com um ventinho frio apesar do calor do dia. Dali em diante foi voltar de “morro a baixo” até a lojinha novamente. Chegando na pousada e com a volta do wi-fi, uma rápida pausa para trabalhar um pouco, havia uma comoção nacional pela morte da cantora Marilia Mendonça e muitas mudanças na programação precisavam de ajustes que precisava alinhar com o time para o final de semana. Isso fez com que agradecesse anda mais por estar ali, com saúde. Estávamos cansados mas realizados, seguimos então para um gelado e renovador banho de cachoeira. uma pequena trilha entre arvores e pedras nos levava a uma cachoeira que se misturava com uma gruta. Um cenário realmente lindo. Ao subirmos novamente ainda havia uma supresa adicional nos aguardando, uma mesa ao por do sol e um bom vinho para brindar o incrível dia.

Foi um passeio muito bom, no dia seguinte havia uma segunda trilha, mas nós tínhamos um compromisso em SP e não pudemos ficar. Antes de ir ainda brincavamos com o nome do projeto da Dri, e aos 45 do segundo tempo saiu, mas deixo isso para ela contar. Voltamos no carro conversando como é importante nos darmos esse tempo, cuidar das amizades exige esforço e dedicação, Como o tempo esta passando rápido. Estou lendo um livro muito interessante chamado “Antes de Partir”de Bronnie Ware. Vale um post a respeito, mas puxando algumas passagens do livro como “na natureza você volta ao verdadeiro ritmo da vida“ou “Num instante, numa dolorosa nostalgia, senti falta de meus velhos amigos. Eles não apenas se juntariam à brincadeira como teriam caído na risada comigo a essa altura, acrescentando suas próprias piadas, transformando tudo numa gargalhada ainda maior.” ou ainda,”Não é apenas questão de ficar em contato com seus amigos, minha querida garota. É também uma questão de dar a você mesma a dádiva da companhia deles.” e por fim, “Não deixe a vida ser um obstáculo. Dê um jeito de saber sempre onde eles estão e deixe-os saber que você gosta deles nesse ínterim. Não tenha medo de ser vulnerável, tampouco.

Me sentia um pouco assim, ao mesmo tempo agradecido e reflexivo. um final de semana incrível por um lado, e trágico com a notícia da queda do avião que matou não só a cantora mas outras quatro pessoas jovens e saudáveis. como não deixar a vida e o dia a dia consumir nossa agenda e nos afastar dos amigos e da família. Como garantir que saibam que fazem falta e que pensamos muito neles. Como manter esse sentimento e determinar que sempre haverá priorização do tempo para estar com os que gostamos. Que sim exige esforço e pouca cobrança, não gerar expectativas…apenas estar lá, criando uma fabrica de boas memórias para que no futuro nos encontremos e sintamos saudades desses dias.

2 respostas para “De volta para o futuro”.

  1. Becker e Isa, obrigada por fazerem parte da primeira experiência. Como foi legal reencontrar vocês e Érico. Imagina se a gente faz uma assim com todos das antigas? Ia ser demais.

    Como você escreve bem. Aliás quando escrevemos do coração, tudo brilha mais.

    Uma honra de verdade estar na sua página. Vocês vão para tantos lugares que realmente não imaginava na primeira experiência já fazer parte de algo assim.

    Falhas existiram com certeza, mas isso fica pequeno perto de tantas coisas legais que damos muito mais valor. Exemplo o banho gelado e pequenas coisas que preciso alinhar. Ok, do banho, sei que é péssimo, mas olha as outras coisas que passamos em um dia e meio. Esses valores que escreveu em seu texto que de repente de um dia para outro “puf” tudo vai embora. Vocês entenderam porque comecei essa experiência. É isso. Sair dessa pandemia se reenergizar, também da rotina do dia dia e fazer algo que não seja competição em todos os sentidos e nem horário.. rsrrs.. quer dizer horário terá um pouco mas sem aquela coisa que conversamos de ter que ser tudo cedo ou melhor em uma experiência ter as coisas na sua hora ou no ritmo das pessoas que estão lá. E o mais importante aproveitar a vida demais e observar os detalhes dessa natureza tão linda que temos.🌳

    Obrigada de coração por vocês abraçarem algo que achei que era impossível e de repente vocês me mostraram que posso.

    E desse grupo que foi pequeno e parecia gigante nasceu o nome da experiência FUNbroesa… hahahaha…em um papo no café da manhã, na mesa de piquenique onde com certeza tinham duendes , fadas mágicas, magos e 10 estrelas 🌟 🌟 🌟 🌟 🌟 🌟 🌟 🌟 🌟 🌟, Toninho não estava mas fazia parte e os cães…rsrsrs 🌟

    Mais uma vez obrigada de todo coração Isa💗 e Becker💗

    PS. Respondi em outro post … 😂😂😂, não tinha visto que mudei a página 😂😂😂

  2. Dri, nós é que agradecemos muuuito a experiência! E já já estaremos juntos fazendo outra…FUNbruesa experience hehehe…viva…bjsssss

Obrigado por seu comentario…em breve lhe responderei…

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